sábado, 31 de outubro de 2009

Arte no Brasil é uma quimera?

No Brasil sempre desconfiei que não dava para se fazer a boa arte, exceto se você tiver um bom patrocínio ou uma polpuda fonte de renda. Certo, você vai perguntar o que é a boa arte. Ao invés de responder a isso, posso retrucar perguntando o que faz um bom sapato ser bom. - Qualidade? - Muito vago. - O material utilizado, o acabamento das costuras e das emendas, o desenho do sapato, o conforto. - Pode ser um bom começo pensar assim. Mas o bom sapato também tem que ser correto, justo, não tem? Quer dizer, você não pode considerar bom o sapato que resulta da exploração da mão-de-obra, por exemplo. Isso sem falar na indústria do couro; não dá para ser bom se for de couro de animal, mas não quero entrar nesta discussão agora, pois meu objetivo era a boa arte e o exemplo do sapato não pode nos desviar.
Então retornando: podemos dizer que a boa arte depende em parte do material, ou melhor, das condições materiais à sua consecução. Depende também do artista, do projeto que ele está desenvolvendo, da sua capacidade reflexiva e de valores.
Mas ficando com as condições materias, como é possível fazer boa arte em um país onde o preço da tinta de qualidade é altíssimo (para falar em pintura), ou onde certas ferramentas tecnológicas ainda emparelham em custos ao preço de um automóvel popular? Onde a conexão à internet banda larga é tão cara em relação ao serviço prestado, e em relação à renda média do brasileiro, que até para ter acesso às informações já é difícil, quem dirá poder publicar nossa humilde produção vídeografica ou mesmo fotográfica.
Estou indignada, sim, leitor. Mais do que isso: me sinto aviltada. Pior do que não poder fazer boa arte, atualmente não consigo sequer postar minha artezinha caseira e de baixa tecnologia. Minha conexão não dá suporte. Desolée, mas eu sentia necessidade de publicar aqui também as dificuldades dos artistas. É Carla, está difícil...

L.