domingo, 12 de julho de 2009

Linha ferroviária em frente à BN em Paris


Foto e comentário de Patrícia Lira

Amiga segue ai essa foto da linha ferroviaria ao lado da Bnf, vista esta que, inclusive, não existe mais. Jah faz uns dois anos que estão cobrindo esta linha férrea...
Mas eu aproveito para comentar umas curiosidades, jah que aqui na Europa, a ferroviarias compõem muito mais o cenario cotidiano e o imaginario das viagens que a rodoviaria. Nelas, milhares e milhares de pessoas todos os dias, todas as noites... pessoas que se separam e que se encontram, homens de trabalho, jovens mochileiros, turistas. Imagine que o caminho de ferro foi o instrumento mais poderoso do mundo industrial do sec. XIX, e mais interessante ainda é o lugar que ele veio ocupar como agente de subjetivação, se é que podemos usar esse termo. Pois é, foi através deste advento do caminho de ferro que o homem da era industrial se deparou com uma nova idéia de acidente. Segundo o filosofo canadense Ian Hacking, esse termo "acidente" sempre significou uma coisa que acontecia por acaso, sem causa aparente. No entanto, esta significação particular da modernidade de que um acidente é uma coisa ruim, repentina e destrutiva deriva quase inteiramente do acidente ferroviario. E tem mais! Foi a partir dessa nova experiência, ruim e perigosa, que a noção de trauma saiu do registro puramente fisico para entrar de uma vez por todas no âmbito das "feridas da alma". E é nesse sentido que podemos falar do caminho de ferro como sendo um "simbolo épico da psicologização do trauma". A partir dai, a medicina e a psiquiatria começam a investigar essas feridas psiquicas - traumatismos psiquicos - e toda uma nosografia começa a ser desenvolvida ao mesmo tempo em que seguem os estudos sobre os famosos sintomas fisicos sem relação organica das histéricas. Um beijo