terça-feira, 12 de outubro de 2010

trabalhos sobre papel e tela. Carla magalhães. Berlim, 2007


Concepção Nietzscheana de Niilismo

Niilismo passivo - Segundo Nietzsche, o niilismo passivo, ou niilismo incompleto, podia ser considerado uma evolução do indivíduo, mas jamais uma transvaloração ou mudança nos valores. Através do anarquismo ou socialismo compreende-se um avanço; porém, os valores demolidos darão lugar para novos valores. É a negação do desperdício da força vital na esperança vã de uma recompensa ou de um sentido para a vida; opondo-se frontalmente a autores socráticos e, obviamente, à moral cristã, nega que a vida deva ser regida por qualquer tipo de padrão moral tendo em vista um mundo superior, pois isso faz com que o homem minta a si próprio, falsifique-se, enquanto vive a vida fixado numa mentira. Assim no niilismo não se promove a criação de qualquer tipo de valores, já que ela é considerada uma atitude negativa.

Niilismo activo - ou niilismo-completo, é onde Nietzsche se coloca, considerando-se o primeiro niilista de facto, intitulando-se o niilista-clássico, prevendo o desenvolvimento e discussão de seu legado. Este segundo sentido segue o mesmo rumo, mas propõe uma atitude mais activa: renegando os valores metafísicos, redirecciona a sua força vital para a destruição da moral. No entanto, após essa destruição, tudo cai no vazio: a vida é desprovida de qualquer sentido, reina o absurdo e o niilista não pode ver outra alternativa senão esperar pela morte (ou provocá-la). No entanto, esse final não é, para Nietzsche, o fim último do niilismo: no momento em que o homem nega os valores de Deus, deve aprender a ver-se como criador de valores e no momento em que entende que não há nada de eterno após a vida, deve aprender a ver a vida como um eterno retorno, sem o qual o niilismo seria sempre um ciclo incompleto.


ARTIMANHAS DO DESEJO: O AMOR NIILISTA

TRABALHO EM PAPEL DE CARLA MAGALHÃES, BERLIM, 2007

O século XX é, como diz claramente Nietzsche, "é o século do niilismo que impregna a atmosfera cultural de toda uma época e transforma-se numa “categoria” fundamental no laboratório filosófico contemporâneo". Dentre os autores e movimentos mais significativos que se defrontaram com o conceito, Pecoraro destaca: Martin Heidegger, Ernst Jünger, o renovado pela filosofia nietzschiana na França particularmente as reflexões de Gilles Deleuze, a filosofia "desesperada e negativa" de Emil Cioran, a visão de niilismo como essência do Ocidente de Emanuele Severino, a obra de Jacques Derrida, as reflexões de Jean-Luc Nancy, o “pensamento fraco” e a apologia do niilismo de Gianni Vattimo.

FALHAR NA PERSPECTIVA E FAZER SOCIOLOGIA DAS APARÊNCIAS

O CORPO QUE PENSA

"TODA SOCIEDADE HUMANA PRODUZ UMA QUANTIDADE MÍNIMA DE MAU GOSTO QUE LHE É NECESSÁRIA PARA ESTABELECER SUAS NORMAS, HOMOLOGAR SEUS ARBÍTRIOS E ENTRETER SUAS AMBIÇÕES DE BOA CONSCIÊNCIA. ESSE DESEJO COLETIVO MÓRBIDO, QUE LEVA POR EXEMPLO AS PESSOAS A SE JUNTAREM ESPONTANEAMENTE PARA VER UMA BRIGA DE RUA OU UM ACIDENTE DE TRÁFEGO, É UM INGREDIENTE ESSENCIAL DA VIDA EM COMUM. TAL NECESSIDADE DE MAU GOSTO MUITAS VEZES SE MANIFESTOU COM CRUELDADE TRANQUILA. FOI O CASO DURANTE SÉCULOS QUANDO A ESCRAVIDÃO E O TRÁFICO DE NEGROS ERAM NÃO SÓ FORMAS BANAIS DE COMÉRCIO, MAS TAMBÉM A BASE DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL DOS PAÍSES QUE SE PROCLAMAVAM OS MAIS AVANÇADOS DO PONTO DE VISTA MORAL E FILOSÓFICO".

P.130 DO LIVRO "NIILISMO E NEGRITUDE DE CÉLESTIN MONGA

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