"1964-1980- PARANGOLÉS: ISSO EU DESCOBRI NA RUA, ESSA PALAVRA MÁGICA. PORQUE EU TRABALHAVA NO MUSEU NACIONAL DA QUINTA, COM MEU PAI, FAZENDO BIBLIOGRAFIA. UM DIA EU ESTAVA INDO DE ÔNIBUS E NA PRAÇA DA BANDEIRA HAVIA UM MENDIGO QUE FEZ ASSIM UMA ESPÉCIE DE COISA MAIS LINDA DO MUNDO: UMA ESPÉCIE DE CONSTRUÇÃO. NO DIA SEGUINTE JÁ HAVIA DESAPARECIDO. ERAM QUATRO POSTES, ESTACAS DE MADEIRA DE UNS 2 METROS DE ALTURA, QUE ELE FEZ COMO SE FOSSEM VÉRTICES DE RETÂNGULO NO CHÃO. ERA UM TERRENO BALDIO, COM UM MATINHO E TINHA ESSA CLAREIRA QUE O CARA ESTACOU E BOTOU AS PAREDES FEITAS DE FIO DE BARBANTE DE CIMA A BAIXO. BEM FEITÍSSIMO. E HAVIA UM PEDAÇO DE ANIAGEM PREGADO NUM DESSES BARBANTES, QUE DIZIA: AQUI É...E A ÚNICA COISA QUE ENTENDI, QUE ESTAVA ESCRITO ERA A PALAVRA "PARANGOLÉ". AÍ EU DISSE: É ESSA A PALAVRA".
DO LIVRO: A ARTE DE HÉLIO OITICICA, ORGANIZAÇÃO DE PAULA BRAGA