Por Aline Gonçalves
A 8a edição do Ziguezague, realizada de 9 a 12 de junho de 2010, no Auditório do MAM-SP, propos no último dia do evento uma conversa Transversal entre a historiadora Cacilda Teixeira da Costa e Rui Moreira Leite, curador da exposição “Flávio de Carvalho”, recentemente realizada no MAM-SP. Na mesa, os especialistas discutiram sobre a chamada “Experiência no 3″, de Flávio de Carvalho.
Paradigma
Ao fim de 1956, o arquiteto, pintor e figurinista Flávio de Carvalho sai as ruas do centro de São Paulo vestido com o denominado New Look: um modelo de vestimenta para o verão brasileiro. Composto de saia, uma camisa de mangas curtas e amplas, meia arrastão e sandálias de couro, o look demorou três meses para ser criado e , segundo jornais da época, respondia ao “habitat” do país.Entretanto, o arquiteto tinha motivos maiores para a Experiência no 3 do que o simples desenvolvimento de um traje higiênico e econômico. A real intenção de Flávio era observar a psicologia dos indivíduos e das massas, pesquisar se o homem nu poderia nascer e conceber a tão sonhada cidade projetada por ele. Flávio imaginava que o homem do futuro iria se libertar dos dogmas escolásticos e adquiriria uma liberdade para o raciocínio e o pensamento.
Nas ruas
A peça apresentada por Flávio para todos os transeuntes da cidade de São Paulo, chocava e principiava uma liberdade futura que deveria existir. Essa versão do new look por Flávio de Carvalho impulsionou um novo pensamento para o desenvolvimento do homem do trópico, que deveria se desvenciliar de todas as regras advindas com a colonização. O futuro imaginado por Flávio de Carvalho se concretizou. Atualmente, encontramos o homem nu na sociedade, o homem livre de raciocínio, sem dogmas restritos. Mas o que ainda encontramos é a liberdade de vestir, já que ainda hoje somos delimitados por regras implícitas sobre nossos costumes.
Todos os dias, podemos abrir nosso guarda-roupa e ter a libertadora experiência de escolher o que queremos usar. No entanto, ao sairmos na rua devemos estar preparados para o julgamento social. O homem está livre, porém a cidade (sociedade) concebida por Flávio de Carvalho para o desenvolvimento daquele ainda não está pronta.
Imagem: Reprodução